"MASSACRES EM ÁFRICA"

"Massacres em África" é um livro da jornalista Felícia Cabrita , editado pela Esfera dos Livros em Janeiro de 2008.

Felícia Cabrita exerce actualmente a sua profisssão no semanário Sol, após ter passado pelo Expresso e pela SIC, por exemplo.

O seu nome saltou para o grande público quando denunciou o gravíssimo caso de abusos sexuais prolongados sobre as crianças e adolescentes da Casa Pia de Lisboa.

Este livro é constituído por uma série de reportagens surgidas do seu trabalho de investigação sobre acontecimentos terríveis que tiveram lugar nas antigas colónias portuguesas e, de algum modo, relacionados com o colonialismo.

Aqui se mostra à saciedade a extrema facilidade com que o animal humano pratica as maiores barbaridades em nome dos mais nobres principios e invocando o nome de Deus.

Alguns dos massacres referidos são os de Batepá( perpretado pelos portugueses na Guiné, na década de 50 do século passado), Norte de Angola ( efectuado pela UPA em 15 de Março de 1961), Wiriyamu (da responsabilidade da tropa portuguesa em Moçambique, Natal de 1972).

Nos casos em que ainda existem sobreviventes de massacres , a jornalista recolheu os seus testemunhos , fazendo o mesmo relativamente aos responsáveis. Inclusivamente, junta as duas partes.

Este livro destrói por completo as ilusões , que eu não tinha, de sermos um povo de brandos costumes : somos tão selvagens como todos os outros!

Quero deixar aqui testemunho da minha admiração e respeito por tudo quanto implica um trabalho deste tipo.

"Massacres em África" deve ser lido para que tenhamos uma informação bem documentada do que foi a realidade da presença portuguesa naquele continente.

Há livros que se não conseguem ler de rajada : temos que parar para respirar e conseguir continuar em frente. Este é um deles.

Comentários

  1. Uma excelente sugestão que vou ter em conta...

    Tenho a certeza que cada página que ler irá desenvolver em mim a revolta e irá desenvolver a minha personalidade de uma forma positiva.

    beijo

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  2. Nós portugueses também ousámos fazer estas barbaridades?
    Pena!
    Não somos nós um povo pacífico?
    Ainda há muito a pôr a descoberto da nossa invasão, e acção a territórios que não são nossos, tenho a certeza.

    Beijinho

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  3. Concerteza uma boa sugestão para uma leitura diária em fim de dia.

    Um beijo e votos de excelente semana.

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  4. E haverá, amiga, algum povo realmente de brandos costumes? Mas a resenha foi excelente; dá vontade de ler o livro!

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  5. Lo buscaré, espero que se distribuya en España
    Gracias por la recomendación
    Un abrazo.

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  6. Ah, esse vale a pena!

    Não conheço, mas de todo... Ao menos pelo que disse, é dos que queria eu ler.

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  7. SÍLVIA MADUREIRA:
    Bem vinda.
    Pois é importante essa tua decisão de o leres, porque para as gerações mais novas - felizmente, sem a experiência nem da ditadura nem da guerra colonial - é crucial saber algumas dos acontecimentos brutais que se sofreram tanto no Continente como nas colónias.
    Fica bem.

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  8. JO RA TONE:
    Ousámos praticar estas e outras.
    Acho que somos mais um povo acomodado...
    Cabo Verde tem, na ilha de Santiago, duas das mais expressivas marcas do colonialismo português e da crueldade de que somos capazes: o Pelourinho da Cidade Velha e o Campo de Concentração do Tarrafal.
    Bom resto de semana.

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  9. JOSÉ NEVES:
    Para se conhcer a nossa História, sim.
    Fica bem.

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  10. ÁRABE:
    Penso que não: até "o povo dos sonhos" acabou por assassinar o cientista que o estava estudando e o considerava exemplar na maneira como interagiam.
    Grande abraço.

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  11. PEDRO OJEDA ESCUDERO:
    Pois acho que te agradará.
    Abraço grande.

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  12. DIANNUS DO DEMI:
    Pois leia, porque sua informação aumentará...mas não fique com muita raiva dos portugueses: Brasil libertou-se sem guerra há duzentos anos!!
    Abraços.

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  13. Minha linda e doce amiga
    É triste ver que o ser humano não passa de selvagem para atengir seus fins...
    Esse livro deve ser sem duvida nenhuma uma boa leitura.
    Amiga deixo te um beijo doce
    M@ri@

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  14. Olha São, eu nasci num país que foi colonizados pelos portugueses e se for contar metade do que sei sobre a conduta desses colonizadores, vai virar uma sangria sem nó. Abuso sexual, estupro, escravidão. Sabemos que a cada descoberta, o rei despachava a corja de ladrões, estupradores, saqueadores e por ai vai... Melhor nem falar mais nisso, pois é revoltante. O pior é que até hoje tem português ainda achando que Portugal é a pátria mãe. E que mãe...
    Desculpa o desabafo, mas se eu vou escavar a história vai sair tanto lixo.

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  15. Sobre a resposta à JO RA TONE...
    Pelourinho aqui é uma área na Bahia onde havia uma coluna de pedras e os negros eram amarrados ali e surrados até a morte, aos olhos de todos. Hoje é nome do lugar e ponto turistico. Todos querem ver o palco do espetáculo...

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  16. GOTIKA:
    Este livro e outros que dizem aquilo que se passou no colonialismo e na ditadura são , diria, de leitura obrigatória para que se desmonte a mitologia de que fomos mais suaves.
    Aliá, deveríamos fazer filmes sobre o tema, como os norte-americanos fazem sobre o Vietname e, até, sobre o Iraque!!
    Beijinhos, muitos.

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  17. MENINA DO RIO:
    Os países sempre mandavam os seus piores; vê quem ia no "Mayflower" para a América do Norte, por exemplo.
    Mas ainda assim e tendo, infelizmente, que dizer que sei estares correcta na tua análise quanto á atitude colonizadora dos portugueses, não acredito que outro povo colonizador tivesse tratado melhor os povos do Brasil.
    E nós também sabemos o que Espanha destruiu na América do Sul e o modo como a Inglaterra actuou na ìndia.
    Pelourinho é sempre local de tortura, incluindo o Continente.
    Só que o Brasil teve uma separação pacífica e que lhe deu a liberdade e a responsabilidade dos seus destinos faz agora dois séculos.E isso foi muito bom e infinitamente melhor do que aquili que aconteceu às restantes colónias: Angola, Guiné, Cabo Verde, Timor, Moçambique.
    E para mim, a Madeira deveria também tornar-se independente, se queres que fale com verdade!
    Grande abraço, linda.

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  18. Ser salvaxe non é patrimonio de ninguén, senón de todos. Saúdo

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  19. Vou aceitar a tua sugestão até porque o tema é interessante. Tenho a sensação que a Felícia Cabrita ainda nos vai surpreender bastante, tal a qualidade jornalística, bem como ser possuidora de algo que vai rareando...coragem!

    Nunca fui ingénuo ao ponto de pensar que nós portugueses fôssemos diferentes de todos os outros. A carne é fraca e lamentavelmente, em situações de guerra o homem comporta-se sempre como um verdadeiro selvagem!

    Aquele abraço infernal!

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  20. Na guerra não há bons e maus, mas todos uns malandros que querem sobreviver, e não sejamos ingénuos
    Saudações amigas

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  21. SUSO LISTA:
    É: faz parte íntrinseca da Humanidade. Mas o que dói é o cinismo de alguns, que se pretendem mais civilizados...
    Unha aperta.

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  22. BELZEBU:
    Um psicólogo disse-me, face à minha indignação ao acabar de ver no cinema"Platoon", que o importante numa guerra é sair dela vivo, seja à custa do que for e que, como militar, tem que tentar vencer.
    Sendo assim, não há guerras nem santas nem limpas nem justas.
    Mas , bolas, pelo menos tenham coragem para o assumir e não se escondam atrás de belos conceitos!!!

    Concordo com a tua opinião e até acho que ela tem dois tipos de coragem: a de trazer os assuntos a público e a de conseguir falar com criminosos( muitos deles sem arrependimento algum).

    Abraço.

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  23. C VALENTE:
    Tem toda a razão, amigo.
    Abraços.

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  24. Eu nasci em Moçambique, quando esse país era ainda um território colonizado por Portugal. Vivi lá a minha infância, da qual guardo as mais felizes recordações da minha vida. Agora longe da minha Amada Terra Natal quardo as maiores saudades.
    Sim os povos colonizadores cometeram as maiores barbáries nos seus territórios ultramarinos; mas não foram os portugueses os mais encarniçados em selvajaria. Ocorre-me as inenarráveis atrocidades cometidas por Leopoldo II da Bélgica que considerava o povo do Congo como propriedade sua, ou ainda o caso dos Boers de origem Holandesa que ainda consideram animais os africanos negros.
    Respondendo a essa garota de ipanema só tenho a sugerir-lhe que se olhe ao espelho. Que eu saiba ela não tem aspecto nenhum de índia. Logo ela é uma colonizadora pois não pertence à etnia indigena do brasil. E se ela tem tantas acusações a fazer aos colonizadores portugueses; então o que terá a dizer sobre todas as atrocidades cometidas contra os escravos africanos que eram comprados pelos brasileiros independentes para trabalharem nas suas fazendas? Não eram portugueses esses esclavagistas, grandes coroneis do café e do cacau. E se essa senhora é tão anti-colonialista porque aceita de modo tão passivo o neo-colonialismo americano que invade de forma dissimulada todos os sectores da sociedade brasileira.
    Já vai para 200 anos que o Brasil é um país independente. E isso deve-o a um rei português que declarou a indpêncencia do território perante a coroa portuguesa. O Brasil recebeu uma independência de oferta, nada tem de lamentar. Tanto mais que são os brasileiros descendentes de colonizadores europeus que continuam governando o Brasil. Os verdadeiros nativos do Brasil, os índios, esses continuam vitimas dos avanços dos invasores estrangeiros.
    Como diz o presidente da républica do Gana. Já lá vai o tempo de ficar lamentando os horrores do passado; agora é o tempo de construir o futuro baseado no perdão e no reconhecimento do bem-estar comum.

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  25. MANDRAG:
    Agradeço a defesa de Portugal , que errou muito, mas que quanto ao Brasil, de facto, foi onde emendou a mão a tempo. Apesar de tudo.
    Custa-ma a pergunta feita por um jornalista brasileiro ao actual embaixador português: Não considera que teria sido muito melhor para o brasil ter sido colonizado por holandeses?".
    A resposta, elegante , foi " Gostaria de o ouvir cantar a garota de Ipanema em holandês!" .
    Eu gostaria de saber o que pensa o dito jornalista (e quem concorda com ele) se fosse vitima do booer sul-africano Eugene Terreblanche e seu exército privado em pleno século XXI.
    Sem desculpabilizar nem branquear , temos que contextualizar os comportamentos das pessoas e dos povos no período histórico em que viveram. Embora todos saibamos que sempre houve excessos, como ainda hoje há.
    Bem hajas.

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  26. MALUCA RESPONSÁVEL
    Para si e para a sua geração diria que é indispensável, para que não se tenha que ouvir ( como uma minha amiga ouviu)uma pessoa de vinte e poucos anos desejar o regresso de Salazar!!
    Abraços.

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  27. Nunca pensei que fossemos diferentes dos outros. Qualquer país que desempenhou o papel de colonizador tem algo de vergonhoso no seu passado. Pior são os que continuam nos dias de hoje a encarnar essa personagem...

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  28. RAFEIRO PERFUMADO:
    Concordo com a lucidez que demonstra na análise.
    Saudaçõs.

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  29. *
    onde está o dinheiro do,
    petroleo ?
    diamantes ?
    dos diversos minérios ?
    e as madeiras ?
    e as ajudas internacionais,
    que não chegam ao povo ?
    e os ditadores ? verdadeiros
    monarcas autodonos das independencias,
    formados nas universidades,
    da américa, do leste, de portugal,
    conheci alguns, fica bem amilcar...
    incitando ao ódio contra o branco,
    ,
    é só perguntar, aos belgas, franceses, espanhóis, ingleses,
    e aos portugueses fugidos ao
    regime do tio antónio, foram dar
    o seus melhor a áfrica e aos jovens
    imberbes obrigados a combater,
    aos quais alguns partidos os
    apelidaram de fascistas ...
    ,
    desculpa o abuso, são
    ,
    conchinhas de amizade
    ,
    *

    ResponderEliminar
  30. POETA EU SOU:
    Nada há para pedires desculpa.
    Atá porque tens razão.
    Desgraçadamente a independência não melhorou a vida das pessoas.
    Para mim, o caso mais vergonhoso é o de Angola, com a corrupção instalada e a infâmia do casamento de uma das filhas de Eduardo José dos Santos devidamente acolitado por políticos personalidades portuguesas enquanto há crianças sobrevivendo nos esgotos de Luanda!!!
    Búzios amigos.

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  31. Querida São.
    Conheci pessoalmente um dos personagens descritas pela Felícia Cabrita, no seu livro Massacres em África.É meu amigo e uma pessoa muito pacífica.Ainda hoje tive à conversa com ele e, sei que recusou o convite para o lançamento do respctivo livro. Era Alferes nessa data e, esteve em combate em Wiriyamum. O ataque foi muito bem planeado, mas as altas esferas que deviam dar todo o apoio logistico, na hora H calaram-se e esqueceram-se de tudo e todos, deixando à sua sorte e, até negaram que tinham planeado semelhante barbaridade. Quando o apoio foi necessário os homens ficaram sós sob o fogo intenso da outra parte. Então foi o safe-se quem puder e, atirar a torto e a direito. Sei que foi um autêntico massacre mas, nestas ocasiões ou mata-se ou morre-se.É preciso não esquecer que até à data da invasão da India, todas as prospeções petrolíferas feitas em Angola pelos nossos amigos:::Americanos não constava a existência de Petróleo. Logo após o despoletar da rebelião, começou-se imediatamente a explorar o petróleo em Cabledo e, daí para cá era ver jorrar petróleo por todo o território.Até os nossos amigos da Santa Aliança fizeram como os restantes países europeus, menos a nossa querida Espanha que estava bem encostada entre Franco e Salazar. Sem contar com a extinta União Soviética. Eu vivi esse tempo, embora não fosse combatente no Ultramar, fui combatente durante cinco anos, tantos quantos tive de tropa. Ainda faltou muita coisa à Felícia Cabrita que a história um dia há-de divulgar. Sabe muito bem que enquanto houver um ser vivo desse tempo, muita coisa ficará na obscuridade.Tenho um irmão que foi combatente na Guiné e, passados 40 anos quando se fala sobre qualquer tema ele não fala noutra coisa que não a Guiné. Todos dizem que ele é louco mas, esquecem-se que é um autêntico trumatizado de guerra. Os culpados daquela guerra em várias frentes nunca serão julgados.Quando se fala com um traumatizado de guerra dizendo-lhe que deve consultar um psiquiatra ou psicólogo a sua resposta é que não está louco ou, que os médicos querem é saber a sua vida. Minha querida amiga,se fosse hoje e, sabendo o que sei,naquela altura teria desertado e, hoje era um herói. Passe um bom fim de semana e, receba um efectuoso beijo do amigo virtual João.

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  32. ESPAÇO DO JOÃO
    Nós sabemos que em determindas situações é morrer ou matar. Até na vida civil, ainda mais numa guerra.
    Mas em Wiriyamu foi bem pior do que isso. Soldados cumpriam ordens, mas isso não justifica a barbaridade do que aconteceu.
    Concordo de todo consigo: as hierarquias escapam sempre e só depois de toda a gente implicada morrer é que muita coisa se saberá.
    Lamento a situação de seu irmão e a angústia que (vos) provoca.
    Um grande abraço de solidariedade, querido amigo.

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  33. Admiro imenso Felícia Cabrita. Acho-a uma óptima jornalista!

    Ainda não tive oportunidade de ler o dito livro, mas gostava!

    No tempo do colonialismo foram muitos os que erraram, foram muitos os que cometeram atrocídades.... Alguns deles, hoje, pessoas bem influentes no nosso País à beira mar plantado!

    Flor com carinho

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