"POEMA SOBRE O DESASTRE DE LISBOA"(Excerto)


Ó míseros mortais! ó terra deplorável!
De todos os mortais monturo inextricável!
Eterno sustentar de inútil dor também! 

Filósofos que em vão gritais:"Tudo está bem";
Vinde pois, contemplai ruínas desoladas,
restos, farrapos só, cinzas desventuradas,
as crianças e as mães, os seus corpos em pilhas,
membros ao deus-dará no mármore em estilhas
desgraçados cem mil que a terra já devora,
em sangue , a espedaçar-se e a palpitar embora
que soterrados são, nenhum socorro atinam
e em horrível tormento os tristes dias finam!


Aos gritos mudos já das vozes expirando,
à cena de pavor das cinzas fumegando,
direis: "Efeito tal de eternas leis se colha
que de um Deus livre e bom carecem de uma escolha"?

Direis do amontoar que as vítimas oprime:
"Deus vingou-se, e a morte os faz pagar seu crime"?
As crianças que crime ou falta terão, qual?,
esmagadas sangrando em seio maternal?



Lisboa, que se foi, pois mais vícios a afogam
que a Londres ou Paris, que nas delícias vogam?
Lisboa é destruída e dança-se em Paris.


                              VOLTAIRE

Comentários

  1. Finalmente um amigo conseguiu descobrir o que se passava com o meu pc e repará-lo.
    Peço desculpa pela ausência, mas se a princípio conseguia abrir alguns depois deixei por completo de conseguir abrir. Levei horas a correr o antivírus a desinstalar programas e a reinstala-los e nada. Por fim um amigo através de um amigo virtual, através de um programa de controlo remoto, levou quase três horas a mexer nele e conseguiu pô-lo como novo. Bem Hajam os amigos.
    Gostei das fotos e do poema que não conhecia.
    Um abraço e bom fim de semana

    ResponderEliminar
  2. Ah! Que boas novas, amiga, que boas novas!

    A sua falta fazia-se notar.

    Obrigada por gostar.

    0 poema de Voltaire(aui só está um excerto) conheci -o através um estupendo livro , escrito por um inglês, acerca do Terramoto de 1755.Que acabei de ler há três ou quatro dias e que recomendo vivamente.

    Abraço de matar saudades, rss

    ResponderEliminar
  3. Belo poema São!
    Queres que te diga uma coisa? Se houvesse outro hoje em dia (espero que não), que não se salvassem os que nos castigam tanto na vida.....
    rsrsrs


    Beijinho

    ResponderEliminar
  4. Amén, que Deus me perdoe!

    Respondendo-te: subsídio de férias? Não vi! E de Natal , também não!

    Fica bem

    ResponderEliminar
  5. Sãozita minha querida
    Excelente! Eu não conhecia o poema.

    Tu e o npsso amigo JP estão-lhe os subsidios atravessados, sei como é, não se consegue engolir.

    Beijinho e uma flor

    ResponderEliminar
  6. Não conhecia este Poema de Voltaire sobre a Lisboa de 1755, ou ... não seria a ante-visão da Lisboa (Portugal) de hoje?
    Poetizou ou Profetizou?
    Desastre por desastre...


    Beijos


    SOL

    ResponderEliminar
  7. Belíssimas fotos , soberbamente legendadas por uma relíquia poética.

    Não conhecia o poema.

    Obrigada pela partilha.

    Beijos.

    ResponderEliminar
  8. São
    Gostei das fotos e do poema tambem.
    com carinho e amizade de Monica

    ResponderEliminar
  9. E eu conheci-o há muito pouco tempo num livri sobre o terramoto que destruiu a nossa capital por completo e que me fez saber toda importânica que teve até na filosofia.

    Os subsidios, como dizes, rstão atravessados. Principalmente porque o que o Governo está a fazer é um roubo!

    Nunca usei o termo,ADELINHA, mas neste momento não existe outro para definir o comportamento de Passos e Portas.

    Um excelente domingo, linda

    ResponderEliminar
  10. Querido SOL, talvez ambas as coisas....

    Concordo de todo : metaforicamente , poderia descrever a situação portuguesa hoje, sim.

    Um abraço cordial.

    ResponderEliminar
  11. Penso que o poema não seja muito conhecido...

    E isto é só um excerto

    O meu grato beijo pelo simpático apreço

    ResponderEliminar
  12. Bem vinda, MONIQUINHA!

    Que bom ter gostado, rrss

    Abraço apertado.

    ResponderEliminar
  13. ❤•.¸¸✿⊱╮
    Esse poema é tão atual, em toda parte há uma cidade sendo esmagada pela ganância!!!!
    Boa semana!
    Beijinhos.
    Brasil
    ♡°º
    °♫♫♪¸.•°`♡✿

    ResponderEliminar
  14. A palavra pode ajudar nessa destruição quando vinda, mesmo nos tempos idos, duma procedência com identidade.
    Outras coisas são contributo dessa destruição, como a que assola Valência nestes dias.
    Neste momento arde o interior de Valência, nas povoação de Cortes de Pallás, Andilla. Incêndios em Valência já queimaram mais de 45 mil hectares. Estradas cortadas e casas desalojadas... uma tragédia!
    Toda a cidade de Valência está coberta de fumo e de cinzas... deixei de limpar até que tudo passe... levamos vários dias assim...

    Um abraço dos grandes

    ResponderEliminar
  15. Ontem como hoje "Lisboa é destruída e dança-se em Paris."

    Só que o desastre estendeu-se ao país.

    Beijo

    Laura

    ResponderEliminar
  16. Tal como o terramoto físico de 1755, que foi muito mais violento e devastador do que aquilo que geralmente nos é ensinado, o presente terramoto está a destruir e a mergulhar em sofrimento a vida de milhares de pessoas e por muitos e muitos anos.

    Boa semana

    ResponderEliminar
  17. Ah, querido amigo, que tristeza me dás com essa notícia : os incêndios são sempre trágicos , sim. Tal como as inundações.

    O meu estreito e solidario abraço, DUARTE.

    ResponderEliminar
  18. LInda INÊS, infelizmente assim é.

    E dói muito, porque poderia ser evitada essa infelicidade...ao passo que os desastres naturais, não podem.

    Uma feliz semana,querida.

    ResponderEliminar
  19. Adequada metáfora para os dias que sofremos nestes tempos tão negros e duros.

    LUIZ

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Grata pela vinda!

Não saia sem comentar: a sua opinião importa
(-me).

E volte, em paz...

Mensagens populares deste blogue

CITAÇÃO - ÉSQUILO