
ESTIO
Horizonte
todo de roda
caiado de sol.
Ao meio
do cerro gretado
esguia cabeça de cobra
olha assobios de lume
sobre espigas amarelas...
(Campaniços degredados
na vastidão das searas
sonham bilhas de água fria!...)
Manuel da Fonseca
( Santiago do Cacém: 15/10/1911 - 11/3/1993)
Manuel da Fonseca praticou a escrita em todos os géneros: jornalismo, conto,
romance, poesia.
Porém, a faceta em que mais se destacou foi a de ser um verdadeiramente excepcional contador de estórias . Facto que eu tive a felicidade de comprovar ao assistir a uma sessão do Partido Comunista Português, no seu Centro de Trabalho no Barreiro .
Para se perceber melhor o contexto em que viveu ( mais correcto seria escrever "sobreviveu") e sofreu José da Graça Cabrita na explorada e mártir região alentejana, aconselho a leitura das seguintes obras de Manuel da Fonseca: " Cerromaior"( com adaptação ao cinema) e " Seara de Vento", além das suas "Crónicas Algarvias", só publicadas após a Revolução dos Cravos.
E, por favor, que mais ninguém tenha a veleidade de se rir com anedotas preconceituosas sobre as gentes do Alentejo!