" Se o livro que lemos não nos acorda com um murro no crâneo, para quê lê-lo? Para que nos faça felizes, como escreves? Por Deus, sê-lo-iamos da mesma maneira se não tivéssemos livro nenhum, e, se fosse necessário, poderíamos escrever os livros de que precisamos para sermos felizes.
Muito pelo contrário, necessitamos de livros que sobre nós exerçam uma acção idêntica à de uma desgraça que muito nos tenha afligido, tal como a morte de alguém que amássemos mais do que a nós próprios, como se fôssemos proscritos, condenados a viver nas florestas, afastados de todos os nossos semelhantes, como num suicídio - um livro deve ser o machado que quebre o mar congelado em nós.
É assim que eu penso."
FRANZ KAFKA
( 1883 - 1924)