Acabou hoje em Paris, mais precisamente nos Campos Elísios, mais uma edição da Volta a França em Bicicleta ao fim de três semanas duríssimas e repletas de acontecimentos .
Eu aprecio muito o desporto em geral e respeito infinitamente os ciclistas, pois como alguém afirmou " eles são as mulas do desporto!". Além do esforço terrível dos atletas , a transmissão televisiva mostra também as magníficas paisagens por onde correm.
Infelizmente, é o futebol que convoca todas as atenções da comunicação social e os futebolistas são absurdamente endeusados e , por vezes até, designados por heróis. E, no entanto, eu tenho a Sport TV porque gosto imenso da Liga inglesa, por exemplo, um futebol competitivo e com executantes de altissima qualidade que disputam o jogo do primeiro ao último minuto.
E escrevo este texto porque uma das coisas mais bonitas que vi em desporto até hoje, passou-se em 21/7/2022 perto dos 143 km da 18ª etapa do Tour entre Lourdes e Hautacam : o esloveno Tadej Podgacar , segundo classificado na geral, atacava a camisola amarela do dinamarquês Jonas Vingegaard quando perdeu o controle da bicicleta e caiu.
Ao aperceber-se do que acontecera , o primeiro classificado abrandou a velocidade dando assim hipótese de o adversário se lhe juntar e este cumprimentou-o , agradecendo.
Vingegaard venceu o Tour por mérito próprio e não pelo aproveitamento do azar de Podgacar, vencedor das últimas duas edições e que mostrou como se deve comportar quem perde.
Tem que se saber ganhar e também saber perder.
Ver em directo esta lição exemplar de ética e desportivismo - para mim, o momento mais marcante do Tour 2022 - faz(-me) ter a esperança de que o mesmo se venha a passar nas restantes modalidades e se aprenda que não vale ganhar a todo o custo e que não existem inimigos, mas sim adversários .