O professor universitário e comentador televisivo Marcelo Rebelo de Sousa foi ontem eleito Presidente da República Portuguesa à primeira volta e com mais de cinquenta por cento dos votos válidos.
A abstenção foi de 50%, significando assim que cinco milhões de portugueses e portuguesas, pura e simplesmente, abdicaram de decidirem sobre o seu próprio futuro.
Espero sinceramente que Marcelo cumpra aquilo que afirmou no seu discurso de vitória e desempenhe bem o cargo, para bem do país.
Estou furiosa com quem por indiferença e conformismo não exerce o seu dever cívico de votar , tendo depois o descaramento de se lamentar e queixar, quando as coisas não correm bem.
Como é possível ignorar-se e desrespeitar quem perdeu a vida para que o voto seja universal ?!
É inaceitável que as mulheres, impedidas de votar na ditadura Salazar-Caetano, agora se permitam o luxo de recusar o direito de se fazer ouvir !
Mais uma vez a Direita uniu-se e engoliu sapos, pois é do conhecimento público que nem Pedro Passos Coelho (PSD) nem Paulo Portas (CDS) morrem de amores por Rebelo de Sousa e , muito menos, o queriam como candidato dessa área política.
Quanto à Esquerda e com o Partido Socialista (PS) preso , a nível interno, por fios , a desunião foi a habitual : Bloco de Esquerda e PCP apresentaram candidaturas próprias e apareceram umas quantas figuras, algumas despropositadas.
António Sampaio da Nóvoa sendo independente e desconhecido, conseguiu fazer uma campanha em crescendo e eu cheguei a acreditar ser capaz de ir a uma segunda volta.
Maria de Belém(PS) foi um desastre total a todos os níveis e acabou com 4% , depois do triste espectáculo dos auto-elogios, dos remoques aos outros candidatos, do não assumir que pedira a reposição da subvenção como deputada, da representação da facção apoiante de António José Seguro.
Vitorino Silva acaba com um resultado surpreendente e para mim inexplicável, logo atrás dos "tubarões ".
Edgar Silva (PCP) teve um desaire imenso e Jerónimo de Sousa na sequência disso , soltou uma frase bem infeliz sobre Marisa Matias(BE), pois a europdeputada é muitissimo mais do que uma "candidata engraçadinha" e foi por isso mesmo que obteve um excelente resultado.
Finalmente, Cavaco acaba os seus pesados trinta e cinco anos de vida política activa, mas não sem antes nos lembrar mais uma vez que é uma criatura desprezível, medíocre e mesquinha : vetou legislação sobre a adopção por pares homossexuais e interrupção voluntária da gravidez .