Jorge Soley é um economista espanhol que justamente alertado com o crescimento daquilo que se designa por "politicamente correcto" decidiu escrever este interessante livro , porque "a neutralidade já não é uma opção".
O autor analisa o que o movimento Woke está praticando a nível de censura e destruição sobre tudo aquilo por si considerado errado sem se preocupar nem com o contexto nem com a o tempo em que esses acontecimentos tiveram lugar.
A sua iconoclastia não poupa nada nem ninguém e já se encontra na área do absurdo : desde estátuas destruídas a livros reescritos ou queimados , passando pela sexualidade humana , os novos iluminados fazem sentir a sua vontade de criar um mundo novo segundo os seus moldes esclarecidos e sem mácula .
Lamentável é estarem conseguindo muito do que querem, porque as pessoas se acomodam e também, verdade seja dita, algumas das causas são justas.
A mim, que vivi sob ditadura, até aos vinte e quatro anos, os Woke trazem-me à memória esses tempos terríveis em que Salazar se arrogou o direito de cortar a liberdade de expressão instaurando a censura prévia de livros e comunicação social e em que tudo era regulado segundo os seus preceitos - incluindo os modelos de fato de banho na praia.
Tenho setenta e três anos, pelo que não é propriamente o meu futuro a preocupar-me , mas sim o das gerações mais novas.
Excertos:
- "No passado 30 de Maio de 2020, no quadro dos distúrbios após a morte de George Floyd, vários manifestantes ( brancos, por sinal ) tentaram queimar o Palácio da Justiça de Nashville. O compositor de música clássica Daniel Elder, que vive perto dali e foi testemunha dos acontecimentos, colocou um comentário no Instagram que dizia <<Divirtam-se a queimar tudo. Para mim , acabou-se : não posso estar convosco.>>.
Desencadeou-se logo a seguir nas redes sociais o já habitual acosso a Elder. A editora da sua música, a GIA Publications, decidiu pôr as barbas de molho, denunciar publicamente Elder e exigir-lhe um pedido de desculpas. Para se assegurar de que era completo, a própria editora redigiu o documento...Elder, finalmente, negou-se a assinar."
_" Milli Hill, uma feminista de primeira, fundadora no Reino Unido do << Positive Birth Movement>>, em Novembro de 2020 , teve a ideia de publicar uma entrada no Instagram sobre o que ela denomina << violência obstétrica>> (que, por sinal, atribui a uma conspiração do patriarcado), em que advertia que quem a sofria eram mulheres , não <<pessoas que dão à luz>>. Em má hora. Caiu sobre Hill uma avalancha de protestos, advertindo-a de que, segundo a doxa correcta, essa violência pode ser sofrida por quem quer que seja( bom, não tanto, só mulheres, trans e não-binários).Não havia dúvidas: Hill era uma inimiga dos LGBTQ (...)
Pouco depois ,a organização Birthrights, para a qual Hill trabalhava havia quase uma década ,incapaz de resistir à pressão, prescindiu dos seus serviços."