KAFKA : PENSAMENTO
" Se o livro que lemos não nos acorda com um murro no crâneo, para quê lê-lo? Para que nos faça felizes, como escreves? Por Deus, sê-lo-iamos da mesma maneira se não tivéssemos livro nenhum, e, se fosse necessário, poderíamos escrever os livros de que precisamos para sermos felizes.
Muito pelo contrário, necessitamos de livros que sobre nós exerçam uma acção idêntica à de uma desgraça que muito nos tenha afligido, tal como a morte de alguém que amássemos mais do que a nós próprios, como se fôssemos proscritos, condenados a viver nas florestas, afastados de todos os nossos semelhantes, como num suicídio - um livro deve ser o machado que quebre o mar congelado em nós.
É assim que eu penso."
FRANZ KAFKA
( 1883 - 1924)
E não será que ao nos acordar dessa forma tão violenta, o que à partida me parece desnecessário - prefiro ser acordado de forma gentil - nos está também a tornar mais felizes? Acho que Kafka na verdade assimilava a realidade à tristeza, tema em que obviamente discordamos :-).
ResponderEliminarBem vindo!
ResponderEliminarInconscientemente ou não, Kafka estava a defender uma atitude Zen: desperatr a consciência da pessoa através de um acto banal.
E nesse sentido a resposta à sua questão é positiva, pois ser consciente torna-nos mais felizes.
Até sempre.
Natural em Kafka, e ainda mais na época socio-política e literária em que viveu, este pensamento não deixa de ser actual.
ResponderEliminarEmbora para mim este conceito kafkiano seja uma hipérbole, a verdade é que um livro inócuo não serve para nada mais do que desviar o pensamento e as energias para coisas muito superficiais e desinteressantes.
A velha questão de "leitura diversão" ou "leitura reflexáo"!
Entendo que há lugar para ambas, se formos nós a escolher.
Um abraço.
Jorge P.G.
Pessoalmente, prefiro claramente a escrita que me leva a reflectir.
ResponderEliminarPorém, se não houver uma exclusiva predilecção pela mais leve e desde que a língua não seja maltratada, também acho que ambas têm lugar.
Feliz domingo.
Boa eleição.
ResponderEliminarMetáfora na prosa...
Este tipo de autores, e textos, criam polémica, mas é na confrontação de opiniões que se aprende. Sou da opinião, talvez por defeito profissional, que aprendemos de todos e, obviamente, de todo tipo de leitura, quer gostemos ou não, para isso está a capacidade de selecção, e de decisão.
Um grande abraço
Pessoalmente eu não estou de acordo. Gosto de ler um livro que me leve a refletir, como gosto de ler um livro que simplesmente me leve a descobrir novos mundo e me solte a imaginação. Mas em relação a Kafka eu sou mesmo uma ignorante pois a única coisa que li dele, foi esse pequeno texto que compõe o seu post.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
necesitamos libros que nos saquen de nosotros mismos para comprendernos mejor y hacernos mejores
ResponderEliminarQue forte. E arrebatadora esta definição da necessidade do livro.
ResponderEliminarSerá assim, será. Uma paixão.
Beijinhos, São
Olá São!
ResponderEliminarDebate interessante.Li tudo com
muita atenção e fiquei aqui a pensar: no meu caso nunca houve um
livro que me acordasse de "forma gentil"... talvez eu até tivesse
preferido, mas os "gentis" deixavam
-me numa modorra e -zás!- voltava
a adormecer. Talvez defeito meu...
Mas os que actuaram sobre mim como
a "tal paulada" do Kafka... ah, esses nunca mais me deixaram! Ainda
hoje falo com eles. Um exemplo: li "A montanha mágica" muito cedo,
foi tal o choque que ainda agora o tenho agarrado à pele. Levei alguns anos para perceber a alego-
ria - eu era muito novo!- mas aqui-
lo que o livro mostra ainda hoje é
actual e INQUIETANTE. Todas as posi
ções são legítimas, eu só quis fa-
lar da minha, que, se calhar, até é
a menos correcta...
Abrçs.
... ler, sempre! Kafka também.
ResponderEliminarDUARTE
ResponderEliminarEu tanbém acho que podemos aprender em todas as situações, mas prefiro que sejam elas próprias significativas.
Feliz semana, meu caro.
ELVIRA CARVALHO
ResponderEliminarDescontando o exagero de Kafka, concordo quando diz que o livro nos deve despertar para a realidade.
Sugiro-lhe que leia, por exemplo, " A Colónia Penal", " A Metamorfose" , "O Processo".
Feliz semana.
PEDRO OJEDA ESCUDERO
ResponderEliminarAssino por baixo!
Feliz semana.
LÚCIA
ResponderEliminarPara mim, que sou uma leitora compulsiva, só os livros substantivos de alguma forma me interessam.
Um abraço forte.
Olá São!
ResponderEliminarO meu pai quando eu era novita não gostava que eu lesse qualquer livro, poderia influir em alguma coisa menos boa, mas, li e reli montes de livros às escondidas e sempre escolhidos por mim, porque queria ler o bom e o mau, era bom ou mau conforme quem o lesse!...E disse cá para mim; se não leres nunca saberás o que lá está e se leres matas a curiosidade! assim fiz, desforrei-me da proibição e gostei de alguns e de outros não!...agora gosto muito da leitura espiritual, muito mesmo... Beijinho da laura. e sê feliz também...
VÍCTOR OLIVEIRA MATEUS
ResponderEliminarEu também li alguns livros demasiado nova para os entender por completo, mas "Vinhas da Ira" ficou, por exemplo.Assim como, mais tarde,"Levantado do Chão", mas esse já tinha idade e conhecimento de vida para o descodificar.
Também não vejo como fantasias nos podem fazer transcender-nos.
Até sempre.
LAURA
ResponderEliminarEu li tudo quanto me passou pelas mãos: umas vezes ás escondidas, outras não.
Se quieseres posso dar-te alguns títulos sobre espiritualidade.
Feliz semana.
LEGÍVEL
ResponderEliminarInteressa é ler, claro.
Mas , de preferência, algo com substância.
Até sempre.
YO creo que todos los libros se pueden leer, unos porque nos gustan, otros porque nos enseñan y otros simplemente para diferenciar lo que nos gusta de lo que no
ResponderEliminarque pases una feliz semana
saluditos
" Se o livro que lemos não nos acorda com um murro no crâneo, para quê lê-lo?" - nao me vou esqcer disto. bj
ResponderEliminarVou tentar explicar o que quis dizer com um acordar "gentil". Por exemplo um livro que li com 13 anos mais ou menos "Terre des Hommes" de Saint Exupery . Nunca mais me esqueci mas a sensação não foi a de um murro no crânio ou no estômago (embora relendo agora a frase - murro no crânio possa ter um sentido diferente do que antevi da primeira vez). A sensação foi mais uma enorme caricia na alma. Adormeceu-me dirão uns. Acordou-me digo eu.
ResponderEliminarJUANI LOPES
ResponderEliminarGeralmente, quando leio um livro que me não agrada, procuro ler mais um do mesmo autor: se continua a desagradar-me não leio mais nenhum , se me agrada vou ler para desempatar.
Boa semana, niña.
MALUCA RESPONSÁVEL
ResponderEliminarComo diz um amigo meu, a felicidade não é viver em anestesia , mas sim comprender a dimensão de se viver.
Até sempre.
FERNANDO VASCONCELOS
ResponderEliminarBem vindo.
Eu penso que cada pessoa tem a sua personalidade própria e que todas as opiniões são válidas.
E quanto toca a gostos, ainda mais.
Pessoalmente, prefiro obras que me mostrem a realidade sem adornos.
Não me dizem muito , particularmente desde os dezanove/vinte anos, obras do género escrito por Nicholas Sparks, Daniel Steele, etc.
Mas tudo é uma simples questão de preferência e. como, tal não existe um padrão único.
Até sempre.
e eu concordo...embora nem todos os dias sejam ideais para ler Kafka, pelo menos para mim!
ResponderEliminarbeijos
Sim, para ler Kafka nem todos so dias, não.
ResponderEliminarMas estou bem próxima do pensamento dele, sim.
Até sempre, Carla.
Os livros!... Há livros e livros. E não podemos acreditar em tudo o que os livros nos dizem. Cada um vê as coisas à sua maneira. A verdade para uns é o inverso para outros.
ResponderEliminarFica bem.
E a felicidade por aí.
Manuel
Kafka é simplesmente fantástico! Mas, pessoalmente, prefiro ser acordado com um beijo, a sê-lo por um solavanco. :) Boa semana, amiga.
ResponderEliminarvim para conhecer teu blog, e gostei muito de tudo aqui. Muito bom.
ResponderEliminarMaurizio
E não é que ele tava certo?
ResponderEliminarSe um livro não desperta o meu interesse em questionar o que estou lendo, questionar a vida, o mundo, há sentido em lê-lo? acredito que não.
De qualquer forma, acho que todo e qualquer livro é capaz de fazer com que faça esse tipo de questionamento, basta vc identificar o que o autor está tentando lhe falar.
Au revoir.
Un abrazo de día de fiesta en Catalunya... "La Diada".
ResponderEliminarPetonets
Encarna
Gênio, gênio, gênio... curta vida de um gênio!
ResponderEliminarEncontrar um livro assim é fantástico!...
ResponderEliminarBeijocas grandes
Buenas tardes Sâo.
ResponderEliminarQue buena foto la del abanico con tu rostro detras, supongo que porque es verano, cuando venga el otoño, ¿que te pondras?....
Kafka, gran escritor, misterioso y enriquecedor. me gusto mucho su "Metamorfosis".
Saludos cordiales.
Jesus
DE PROPÓSITO
ResponderEliminarA verdade é múltipla, também acho.
Mas de livros e obras outras prefiron as que me leva a reflectir e , de algum modo, me ensinam.
A felicidade , enfim...
Fica bem, Manuel.
ÁRABE
ResponderEliminarGostei de ler Kafka e aprecio a sua escrita.
Pois se puder ser acordada com um beijo, também prefiro...
Abraços, caríssimo.
INSTANTES E MOMENTOS
ResponderEliminarObrigada . Sendo assim, espero te ver por aqui mais vezes.
Tudo de bom para ti, Maurizio.
GWYDDYON
ResponderEliminarOra estamos de acordo.
Até sempre.
JESUS E ENCARNA
ResponderEliminarMuchas gracias e feliz Diada!
Petonets.
O AUTOR
ResponderEliminarO génio vive para além de morte física...
Saudações.
SEI QUE EXITES
ResponderEliminarE podes ter certeza que já li alguns.
Beijinhos, zogia.
JESUS E ENCARNA
ResponderEliminarOlá, Jesus!
Muchas gracias por apreciares a foto.
No Outono, se verá...rrrsss..
Feliz Dia da Catalunha!!
Saludos, meu caro.
como eu adoro viver na floresta, não sei o que ele quer dizer...
ResponderEliminarcoelhinho
Mas não esqueça que as florestas se abatem também para fazer papel: talvez seja bom tentar perceber para onde vai a sua casa.
ResponderEliminarEmbora não seja políticamente correcto dizê-lo, estou em completo desacordo com este texto de Kafka.
ResponderEliminarPorque há leituras que não devemos fazer sem estar bem preparadas e protegidas, para que não nos deixem marcas para sempre. A menos que sejamos masoquistas.
Só um tema... o Holocausto.
Porque fui precocemente "agredida" por muita literatura sobre o período mais negro da História Moderna, NÃO, não me apetece ler nem ver, nunca mais, seja o que for sobre o Holocausto. E nem o Kafka me faz mudar de ideias.
Um abraço
Aqui, minha querida, não se pratica o politicamente correcto: estás , pois, à vontade...
ResponderEliminarEu também li imensa coisa sobre a Segunda Guerra durante a adolescência, mas ainda comcordo com Kafka: é mest diversidade que se encontra o fascínio de (se) ser humano!
Até sempre.
São andei pesquisando uma biografia sua e o seu livro "Em ouro crú"
ResponderEliminarSobre si encontrei muita coisa referente ao blog, e a indicação de alguns livros em que participou.
Sobre o seu livro apenas um agradecimento seu.
Como eu quero que faça parte da galeria de mulheres poetas do "A mulher e a poesia" queria pedir-lhe o favor de me mandar para o meu mail a sua biografia, e um dos poemas do seu livro. Pode ser?
Deixo-lhe o meu endereço e um grande obrigada
elviracarvalho328@gmail.com
Um abraço e bom fim de semana
O homem pensava e pensava bem
ResponderEliminarSaudações amigas e bfs
Felizes dos inconscientes ... podem levar um murro no estômago que continuarão na sua felicidade, ou um murro no crâneo.
ResponderEliminarCada um escolhe a maneira de "levar", de se deixar levar ou de se enlevar.
Eu leio tudo o que posso, ou melhor, tudo o que podia ...
É que vi, entre muitos autores, nossos que nem conhecia e estrangeiros, livros e muitos títulos do nosso Nobel, que digam o que disserem, é Nobel!
A 1 euro !!!
Será que o euro se valorizou tanto ou que a escrita é de tão má qualidade?
Mas o Kafka nunca me seduziu, não foi "A Metamorfose", que deu origem ao m/"inséte".
Bom fim de semana.
Bela escolha de pensamento. Também concordo com a última frase:"um livro deve ser o machado que quebre o mar congelado em nós."
ResponderEliminarUma boa leitura é aquela que nos tira da mesmice.
Beleza.
Um lindo fim de semana prá ti.
Beijos
Cleo
bem...Kafka era assim mesmo!
ResponderEliminarPenso que podemos despertar, através de meios mais sutis...
Absorver as mudanças e revelações aos poucos.
Admiro muito Kafka como escritor, mas, não concordo muito com o seu pensamento dominante...
Adorei você ter trazido um texto quer despertasse reflexões!
Beijos de luz e o meu especial carinho...
Existem alguns que nos tiram o sono e nos fazem pensar durante a noite,ou mesmo várias noites.
ResponderEliminar...e ajudam no despertar.
Abraço e bom fim de semana
*
ResponderEliminarfranz kafka
a metamorfose do processo na
aldeia do diário da penitenciaria,
,
marés de amizade, deixo,
,
*
Olá, São
ResponderEliminarDe Kafka li apenas "Metamorfose", e devo dizer que gostei imenso.
Sou viciada em leitura. Sempre fui, desde garota.
Aquilo que chamo "literatura de cordel" não suporto.
Gosto de ler muitos géneros de livros, desde que ME deixem alguma mensagem, e não assassinem a língua!
Mas acho que, entre ler coisas mais ligeiras ou simplesmente não ler...é preferível a primeira hipótese...
Beijinhos
Mariazita
ELVIRA CARVALHO
ResponderEliminarMeu Deus, Maria Elvira, fiquei assombrada!!
Mas eu tenho lá valor para entrar na sua galeria?!
De qualquer modo, fico-lhe totalmente grata por achar que mereço a sua escolha e o trabalho que teve.
Assim que puder lhe enviarei o que pede.
E que Deus a prteja sempre .
Feliz domingo em família, minha Amiga!
C VALENTE
ResponderEliminarPois eu também o acho inteligente!
Feliz semana.
XISTOSA
ResponderEliminarPois não sei como lhe responder a essa dúvida, caro Zé...
De Kafka , gostei da "Metamorfose" e da "Colónia Penal", mas " O Processo" ainda não o acabei!
Feliz semana.
CLEO
ResponderEliminarConcordo, também prefiro livros que me obrigam a sair do rame-rame!
Uma feliz semana.
MUNDO AZUL
ResponderEliminarTalvez aqui ele se tivesse excedido um pouco na metáfora, mas nas linhas gerais penso que está correcto.
Obrigada por ter vindo.
Feliz semana.
PAGIC
ResponderEliminarE não é mesmo para isso que a arte serve?
Uma feliz semana.
POETA EU SOU
ResponderEliminar...ou na metamorfose que necessitamos urgentemente.
Beijos coralinos.
MARIAZITA
ResponderEliminarPenso igual.
Entre ler livros ligeiros e não ler, então que se leia literatura de aeroporto.
Boa semana.
Olá, td bem?
ResponderEliminarBela citação, tb acho que um livro deve despertar algo forte dentro de nós.
Um abraço!
Bom domingo!
Então, estamos de acordo.
ResponderEliminarVolte , sim?
Abraço-a.
Ola! unha das cousas que máis me chaman a atención de Kafka (K), son as súas "tramas infinitas", os ambientes enrarecidos que acada na súa escrita...
ResponderEliminarJorge Luis Borges dicía que toda a obra de K estaba apoiada na paradoxa de Aquiles e a tartaruga do eleata Zenón...
Por certo, as experiencias que viviu "Gregorio Samsa" son inesquecibles para min.
Unha aperta dende o sur.
Antón.
Espero que venha aqui sempre!
ResponderEliminarSaludos.
Ola!
ResponderEliminarPensei que non leras o meu comentario.
Moitas grazas pola benvida! :-)
Gustoume que pasaras por Cuspe de Pita.
Unha aperta.
Antón.
Graciñas!
ResponderEliminarEStou hoje a pôr os comentários em dia, os que desconhecia. Mas eu nunca deixo sem resposta.
Beijos