INCÊNDIO - AL BERTO

-



INCÊNDIO 

se conseguires entrar em casa e
alguém estiver em fogo na tua cama
e a sombra duma cidade surgir na cera do soalho
e do tecto cair uma chuva brilhante
contínua e miudinha - não te assustes

são os teus antepassados que por um momento
se levantaram da inércia dos séculos e vêm 
visitar-te

diz-lhes que vives junto ao mar onde
zarpam navios carregados com medos
do fim do mundo  - diz-lhes que se consumiu
a morada de uma vida inteira e pede-lhes 
para murmurarem uma última canção para os olhos
e adormece com lágrimas  -  com eles no chão

AL BERTO
(11/1/1948  -  13/6/1997)

Comentários

  1. Cidália Ferreira10 de fevereiro de 2015 às 14:00

    Um poema fabuloso! Adorei

    Dia feliz, beijinho
    Coisas de Uma Vida 172

    ResponderEliminar
  2. Existe Sempre Um Lugar10 de fevereiro de 2015 às 15:41

    Boa tarde, lindo poema, viver junto ao mar trás-no alivio, ouve-se as palmas de alegria dos antepassados.
    AG

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São10 de fevereiro de 2015 às 17:14

      Bem vindo, António!

      Na próxima encarnação , viverei junto ao mar.

      Saudações :)

      Eliminar
  3. TORO SALVAJE10 de fevereiro de 2015 às 17:22

    Como vengan mis antepasados me voy yo.
    No quiero verlos.

    Besos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São10 de fevereiro de 2015 às 17:29

      Estamos iguais, Xavi....

      Abrazos

      Eliminar
    2. Jorge10 de fevereiro de 2015 às 19:08

      Um poema elegíaco de Al Berto, certamente inspirado pelo movimento de navios zarpavando para rumos desconhecidos, que desfrutava da sua casa sobranceira à baía de Sines.
      Um abraço,
      Jorge

      Eliminar
    3. São11 de fevereiro de 2015 às 19:12

      Sim, que sorte a dele-...

      Abraços, amigo

      Eliminar
  4. Daniel Costa10 de fevereiro de 2015 às 19:16

    Nascer e viver junto ao mar é privilégio, posso dizer, como Alberto diz no poema.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São11 de fevereiro de 2015 às 12:15

      O mar é algo que me diz muitissimo e que adoro.

      Infelizmente, não vivo a vê-lo.

      Abraços

      Eliminar
  5. Flor de Jasmim10 de fevereiro de 2015 às 19:52

    Lindo poema, não conhecia!
    Não vivo junto ao mar, mas muito pertinho.

    Beijinho Sãozita

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    Respostas
    1. São11 de fevereiro de 2015 às 19:14

      Eu do que estou mais perto ainda assim é do Tejo...

      Beijinhos, querida

      Eliminar
  6. Edum@nes10 de fevereiro de 2015 às 21:27

    Belo poema para comentar,
    não adianta deixar cair lágrimas no chão
    com saudades gostava de os abraçar
    mas sei que mais não voltarão
    nem a sorrir nem a chorar!

    Desejo uma boa noite para você amiga São, um abraço,
    Eduardo.

    ResponderEliminar
  7. Lia Noronha10 de fevereiro de 2015 às 22:21

    Um poema que toca a alma de quem vive perto do mar e dos bons sentimentos...abraços meus.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São11 de fevereiro de 2015 às 19:20

      Bem vinda !

      Para quem ama o mar e tem bons sentimentos este poema é indicado, sim

      Beijinhos

      Eliminar
  8. Pedro Coimbra11 de fevereiro de 2015 às 04:20

    Uma ode aos navegantes??

    ResponderEliminar
  9. Irma11 de fevereiro de 2015 às 08:48

    Thanks for visiting my blog.
    This is a beautiful poem.
    Best regards, Irma

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São11 de fevereiro de 2015 às 12:20

      Good morning and thank you for your visit.

      Saudações :)

      Eliminar
  10. Élys11 de fevereiro de 2015 às 14:52

    Um poema pleno de nostalgia. Muito bonito e criativo.
    Beijos, Élys.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São11 de fevereiro de 2015 às 19:22

      Grato abraço por ter gostado e pela agradável visita !

      Eliminar
  11. Duarte11 de fevereiro de 2015 às 23:51

    Tudo azul, que bonito!
    Versos que entoam cantares, que até me fizeram recordar o cego do restêlo, será o esplendor do fogo?
    Abraços de vida, querida amiga.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São12 de fevereiro de 2015 às 18:20

      Azul é a minha de eleição.

      Quanto ao poema...cada um de nós decifra-o à sua maneira, não é ?

      Abraço apertado, querido amigo :)

      Eliminar
  12. Marisa Giglio13 de fevereiro de 2015 às 10:42

    São , agradeço a partilha do poema que não conhecia . O mar me acalma e me aconselha . Não o tenho por perto mas também não muito longe . 90 kilometros que percorro com prazer para encontrá-lo . No vai e vem das mares mato as saudades dos que já se foram . Beijos , amiga .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São13 de fevereiro de 2015 às 18:53

      O mar é também muito importante para mim tanto calmo como tempestuoso.

      Essa distância aí nesse seu imenso e lindo país não é nada, mas aqui é muito longe...rrss

      Amiga, grande abraço :)

      Eliminar
  13. Amizade / Amistad13 de fevereiro de 2015 às 15:33

    Amiga São,

    Belo poema onde o Mar, o nosso elemento, tem presença marcante.

    Gostaríamos de te convidar para o próximo “Os Desafios do Farol”, evento que se inicia hoje, dia 13, no nosso Farol.

    Seria um prazer para nós poder contar com a tua presença e participação nesta iniciativa que, à semelhança da anterior, promete ser animada e ao mesmo tempo contribuir para que nos aproximemos e fortaleçamos os nossos laços de Amizade.

    Beijinhos e abraços dos amigos,

    Argos, Tétis e Poseidón

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São13 de fevereiro de 2015 às 18:56

      Obrigada por gostarem do poema e pelo convite.

      Grande abraço :)

      Eliminar
  14. O Sibarita15 de fevereiro de 2015 às 21:22

    Ei moça! kkk Que poemaço, heim? Incendiou-me o coração tal beleza e profundeza das palavras!

    O Sibarita

    ResponderEliminar
  15. São15 de fevereiro de 2015 às 21:36

    Al Berto era um grande e sofrido poeta, sem dúvida. No "são" tenho , também dele, "Sida"

    Grande abraço para si :)

    ResponderEliminar

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